Vindo de uma espaçonave dilacerada. Abduzido já nos anos 80 de um século longínquo, deparou-se com uma diferente vida. Afogado em tonéis de carvalho e sonhos perdidos, a alma nua perante a vontade superior da verdade que lhe bate na cara.
Anacoluto próprio dos apedeutas, isso definiria de forma pretensiosa um simples não sei existencial, anárquico, um não-eu filosófico, o próprio em-si sem por-si kantiano, blá, blá, blá.
Acorda do seu sono precário ("
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano
"), espantado, pouco poético, lúcido, despido de máscara, concretista; já não mais errante e numa efusiva inconsciência poética e inocente que aflige e mata os homens sob os vapores de vinhos e fumaças e poeiras hilariantes.
Onde estará o imaginário tão belo que o colocou à beira do morticínio que, atingindo-lhe os sonhos, deixou-o vivo apenas como um veterano que viu a guerra não com a inocência dos recrutas pomposamente amedrontados e fascinados com o charme da batalha que não viram, mas com o estresse pós-traumático dos veteranos que perambulam por Skid Row procurando qualquer dose de esquecimento em garrafas, ampolas e cachimbos?
Pelo menos não (ainda, ao menos crê) não é um Napoleão de hospício.
Garrafa retornada, isso ele é.




