4.5.05

UMA FALA E O AMOR

Do seu jeito, ela sabe. Tem um mundo inteiro dentro de si. Tempo e espaço; só dela, o absoluto. Tento adivinhá-lo, mas nem todas as sabedorias e tampouco as víceras de todas as aves poderão dizê-lo.

Contento-me com um bom copo de scoth, ou água mesmo. Tento pensar em Platão, o poeta. Nenhuma das palavras que disser alcançará quem quer que seja. Às minhas, eu me refiro.

Movimento o gelo, vagarosamente, e certamente você rirá quando eu disser que ouço a voz de Jim Morrisson. Uma grande bobagem, pode me mandar calar a boca, se quiser... Eu não disse que você iria rir?

Sonhei contigo. Envolvida por sedas e um brilho que talvez sequer possua, mas, sim, são meus olhos, e não posso deixar de pensar nisso, às vezes. Não sempre, que qualquer um enlouqueceria.

Nada resistirá ao tempo, nem as palavras, que algum dia não haverá quem as possa ler. Ah, vacuidade tantas vezes mórbida das palavras!

Alguns nascem póstumos, já dizia Nietzsche, também poeta. Zumbem essas palavras como a efemeridade aos meus ouvidos. A efemeridade dos espelhos. Jamais veremos face a face.

E o amor? Pequena pulga zombeteira mordiscando nossa carne...