25.8.16

A MORTE DO AMIGO NÃO FOI O AMIGO NEM FOI MORTE, MAS EU GOSTO DELE


Sim, ele foi traído, e quem não foi? Ora, é consabido que a verdade ele procurou, e a verdade é o caminho mais estreito e não é pavimentado e é cheio de carrapatos que exigem uma parada para que sejam arrancados à unha, vez que até os instrumentos de arrancar carrapatos nos tiram e nos tiram até os carrapatos.

Ora, amigo, sequer amigo você é, mas cá conosco, somos amigos, e você está no Canadá. Tiram-te o ar colocando o dedo na traqueotomia e você entra em pânico, como o afogado que balança os braços de forma anárquica ao invés de dar um potente soco de direita na têmpora do maldito.

Sim, eu me afogo nos vapores da fumaça, e vou parar no Mandaqui, que facilmente renderia um soneto rimado no Juquiri em que eu receberia uma carta enviada por mim mesmo que jamais seria aberta, por quê? Porque ali talvez habitem meus sonhos alucinados.

Mas meus sonhos são apenas sonhos meus, e deles desvencilhado talvez me sobre mais tempo para a verdade, e eu gostei do que você fez com o filósofo, e gostei do filósofo, e gostei da dialética e da esposa e filhos e de estar acordado para dormir certificando-me de que estivessem cobertos.

Somos belos, embora nem sempre estejamos bonitos na foto.

O importante é o que importa. Enquanto escrevo, o louco grita na rua. Já estive lá.

(IMAGEM: DANIEL ARAGÃO)


Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom!��