1.10.06

CRÔNICAS III

Perdoe-se-me a primeira pessoa.

Que tenho constatado?

Cresci e vivi trinta anos em um mundo que incensa certos valores, elevando certas individualidades. Todos admiram atores, Gianechini, etc, supostas sumidades, ou personalidades políticas, profundamente vazias de conteúdo, mas tenho encontrado maior sabedoria e felicidade em pessoas profundamente enraizadas no ostracismo e na miséria.

Isso é profundamente parte da ilusão, pois a miséria é inata, é do caráter do ser vivo, e as altercações da realidade na vida de cada um não deixam dúvidas acerca de uma extrema impossibilidade dessa felicidade que prega-se na beleza de pura aparência.

Temos que admitir que não há conteúdo nenhum no mundo e, portanto, aqueles que perseguiram a profundidade, como eu, estão sozinhos e fadados a uma infelicidade sem saída; no entanto, antes de partir, posso presentear as poucas gerações que me seguirão com um pouco de verdade, a tão perseguida "verdade desinteressada", que não existe, como todos os demais ideais...

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo plenamente com vc.
E estou com muitas saudades.