23.2.18

C'est la vie


Tão linda como você, apenas você.
Em diferentes ângulos diferentes vistas, diferentes solidões eu a vi.
Nas flores que você não queria porque não era eu, nem eram minhas as que recebeu, que as minhas, nem as pude oferecer...
Nos caminhos que não percorremos, mãos dadas.
No amor que se quis eterno,
Quanta diferença entre o que quisemos e fomos e o que nos machucara antes...
E nem éramos nós, eram outros.
Um beijo, um abraço, regaço; um caminho que não vimos
E deixamos percorrer o tempo como tempo percorrido.
E não se quis, desejando, acabou-se negado
Por medo, até o medo do medo
Do que foi feito e nos machucou e nos faz parecer duros e frondosos
Apenas nos fez casca, para suportar o inseto,
Apenas nos fez tronco para suportar o vento.
E o silêncio em que falamos não dizendo
É o silêncio dolorido do que já foi ruidoso e não foi ouvido porque silenciou
Na hora sacra de ser enunciado como liturgia.
Mas nos encontramos, rápidos, nos olhamos com os cantos dos olhos.
Sumário, indiscernível.
Paciência para o nosso segundo de eternidade, que nem começamos.
Tão linda como você, apenas você.
Recebe ao menos esta flor, feita de palavras.
Flores são inocentes, o amor, culpado.