31.7.05

FÁBULAS DO GRANDE NADA

Hoje querem homens para que não pensem. Não, esqueça o trabalho. Homens, como qualquer produto, valem dinheiro. Homens com sonhos, uma piada. Esqueçam os sonhos. Até porque os homens são adestrados para que não lidem muito bem com os sonhos.

Há um pouco de amargor na minha boca. Devem ser as cervejas que não paro de tomar aqui no litoral...É o Grande Nada, cheio de solidão para partilhar com quem quer que seja. O sol a pino e um ciber em uma avenida chamada Anchieta, como muitas outras, e tudo parece bem mais simplificado. Talvez uma caricatura de infância. A quem importa?

Nada seria tão interessante se eu não estivesse aqui também para falar algo sobre Deus. Há em alguma terra o Deus dos perdidos, os perdidos que vaguearam e que povoaram, os perdidos que desbravaram corajosamente e em sua busca não raro contemplaram com algum ânimo a cara da morte.

Artistas, vagabundos, aventureiros, destemidos, tolos, perdedores, mas há algo a ostentar ante um mundo cheio de medo.

Mas estão todos cheios de pressa, para que tenham medo, e em algum lugar está a minha coragem e a minha pressa; muitos cometem temeridades, e agora uso apenas meu corpo, e os dedos deslizam o deslizar simétrico da modernidade sobre teclados vickings como machados cortando muitas cabeças inimigas, talvez cabeças romanas, quem o sabe, mas há sempre uma mulher, uma mulher de algum lugar da sua infância e talvez você seja agora um simulacro de uma caricatura de infância, mas a mulher é muito bela para que você desvie o olhar e a infância, muito breve.

Ora, companheiro, você parece...melancólico?

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