8.6.05

FÁBULAS DO GRANDE NADA

I - FÁBULAS DO GRANDE NADA, O FAUSTO CIBERCLÁSSICO

Aqui, nas alturas gélidas, nos cumes do pensamento, anda aturdido e apressado o efêmero homem.
Ah, mente, coroa da abstração: mente do pensante.
Serás privilégio de poucos ou pura prestidigitação?
Pensa na morte, mas sem mérbida motivação.
Não é do ócio que vive esse homem, nesse momento da história, se é que há história.
As fábulas desse grande que deseja nada
Ou desse nada que deseja grande,
Percorrerão os quatro cantos e um dia o mundo tornará a ser mundo, quando todas as partículas do ser desintegrado zombarão da sabedoria e seu leito de Procustro.
Assim, enquanto homem, só pode fazer coisas de homem.
E o Grande Nada e sua ferramenta pensante entram pelo ânus da sabedoria...
Grande Nada maldito!
Se é que existem malditos...
Desliza a mente do Grande Nada pelo escorregador da história;
Com tapas nas orelhas dos momentos ele se diverte um pouco.
Blasfema de Deus porque o ama.
Pensará nEle quando seu corpo desmanchar.
Deus é pensamento puro.
Mas agora desce mais esse infame
Querendo se fazer poeta.
Um passo, uma parada
.

II - BUDA PRECISA FUMAR UM CIGARRO.
O GRANDE NADA, JÁ DE ORDINÁRIO, DIANTE DO MUNDO. O SOL BRILHA E OFUSCA SUA VISTA.

- Ah, toda essa loucura!
Morta é a poesia
Eu a sepulto!
Não nego minha missão.
O Grande Nada.
Programa da Matrix exterminando o futuro.
De ordináruio na sessão plenária,
Trinta mil para a comissão do Grande Nada - refúgio encontrará nos alpes tranqüilos do pensamento puro.
Mas entender o mundo vale pouco em comissão.
E o pensamento se pensa sob viadutos e em vagões de trens.
E ao fim, pensar nada está valendo.
E nem os canibais caçadores de cabeça
Preocupam-se com o nível mental que você anda por aí usando.

2 comentários:

Anônimo disse...

Captando o idealismo degenerado, temos aqui um verdadeiro retrato do nosso tempo, para estudiosos do futuro. Vida longa a este "Poeta do Nada"!

Anônimo disse...

Captando o idealismo degenerado, temos aqui um verdadeiro retrato do nosso tempo, para estudiosos do futuro. Vida longa a este "Poeta do Nada"!