2.7.14
E O GRANDE NINGUÉM REENCONTRA DEUS
"Não me creiam. Não me sigam. Estou certo de que são capazes de pensar por si mesmos."
"Pensem duas vezes. Vocês não estão entendendo o que digo. Não, senhora, se acalme, não grite!"
E foi assim que encontrei o homem em seu novo emprego: mestre de cerimônias do circo, apresentando o número com os leões. Quando me viu, um sorriso enorme se lhe abriu no rosto. Eu realmente não entendi o sorriso. Jamais sorriria ao encontrar comigo.
Dei-lhe um aceno, e fui diretamente ao bar, onde o velho Deus estava sentado, esperando para mais uma vez, e com razão, me ridicularizar.
Tão logo me sentei, minha bexiga ordenou-me: ao banheiro. Deus guardou-me a carteira: "vai mijar logo, bêbado do caralho!"
E fui. Não sei de onde o privilégio dessa intimidade de Deus para comigo, mas em nenhum minuto achei prudente devolver-lhe, uma vez que ele era quem ele era, eu sabia disso, e nunca gostei de brincar com Deus. A ignorância deve seu status à própria natureza.
Na volta, meu amigo Deus puxou-me a cadeira. Nunca foi de muitas palavras, gostava era de me ouvir.
Dentro do circo era quente, mas meu corpo estava gelado. Deus mandou vir duas pingas:
Beba só essa. Vá para casa dormir. Tente não pensar. Não é seu forte.
O leão havia sumido. Meu amigo, mestre de cerimônias, também. Levantei-me e paguei a conta. Deus estava comigo.
Fui embora cambaleando, pensando por quê Deus ainda me aguentava.
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