12.8.14
E O ANJO DEU-LHE UM TAPA
Ele estava andando pela trilha de Cruzeiro, sozinho. Uma bela lua com belas estrelas iluminavam o caminho, assim como a santa e a própria fonte d'água de Passa Quatro foram iluminadas pelo sol durante o dia. Isso fazia mais de quinze anos, e era como se lembrava da coisa.
Tinha sido muito jovem, lembrava, como a maioria dos jovens daquele tempo ainda pareciam ser, inobstante as rugas incipientes decorassem uma tez já não mais tão juvenil. Não há maturidade capaz de processar todos os dados, fatos e frêmitos da juventude.
Naquele dia, encontrou um anjo na estrada de Passa Quatro, após uns quantos lança-perfumes, et cetera e tal.
Tentou prosseguir, mas o anjo barrou-lhe a passagem:
- Então ouvi dizer por aí que tu és o futuro.
Impressionou-se com o "tu" e logo ponderou que o anjo havia de ser português, pois se expressava na segunda do singular.
- Não, eu sou apenas o Jack, de Taiaçupeba.
- Pois fica sabendo que és tu o futuro - falou o anjo, enigmaticamente.
- Mas que futuro? - perguntou, já meio assustado em ver um anjinho nada barroco.
- Bom, isso eu não vou poder dizer.
E o anjo deu-lhe um belo tapa antes de desaparecer.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Se eu fosse o anjo dava-lhe um pescotapa dizendo-lhe: vai Manipanso, teu futuro foi ontem.
Amo o Jack!
A.C.Bertasso
Anjo batendo em anjo, que feio.
Postar um comentário