11.8.14

PEQUENAS (DES)AVENTURAS DO GRANDE NINGUÉM: NASCER PRO TRABALHO E O HOLOGRAMA


Ele não nascera para o trabalho. No entanto, era o que mais fazia: trabalhar. Ele saía do trabalho e, assim que chegava em casa, tomava a vassoura em mãos, ou o teclado do computador, ou o livro, ou o violão. Tudo isso dava trabalho.

Estava no show do Tim Maia. "Eu não nasci pro trabalho...". Lógico, Tim Maia já havia morrido, só que hoje eles tinham as técnicas dos hologramas, e com toda a ciência eles ainda buscam as coisas no além, e foram buscar Tim Maia no além (nada de errado nisso, se estão no além, não dá para busca-los no aquém).

Deus, seu melhor amigo, encontrava-se sentado à mesa, rodando o gelo no copo.

Hoje, eles tinham as técnicas dos hologramas, porque hoje é pretérito imperfeito.

Hoje, eles tinham corretores automáticos, porque não sabiam escrever. Mas sabiam fazer hologramas. Preciso desenhar?

"Big Nobody Jack" estava aí e, sozinho, tinha alguma envergadura moral. Não é qualquer um que faz Deus rir.

As coisas não estão nas entrelinhas, as coisas são um tapa da verdade na cara, e um chute na bunda da arte. Obliquidade incognoscível é estupidez; a de Capitu, não.

Havia obliquidade no holograma de Tim Maia. Pensou ter visto Michael Jackson.

Deus riu até cair da cadeira.

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