29.9.16

JUDEU POLONÊS


Às tantas fora expulso. Nem a gerência mais o tolerava.
Eis o seu defeito: incômodo, não pela bravata, pela verdade.
Mas enquanto argumentava, os outros se levantavam em armas.
Manso como era, irritava e fazia levantar os 'bravos'.
A verdade nunca importou, importou a força,
Mas para ele não importava a força, importava a verdade, e por ela morreria.
Cristo era judeu.
E ele polonês.

8.9.16

Fernando Pessoa, psicografia.


Talvez Fernando Pessoa se recolhesse ao boteco da esquina, renunciando à pena, socializando com o Esteves, se ele visse quanta gente tem tanto para dizer. A placa da tabacaria realmente está caindo e os idiotas dirigem a nau sem rumo. "E aí, Fernandinho?!", perguntariam. "Não tenho nada para falar", responderia, bebendo aquele vinho amargo e barato do Porto, em um gole.

Independência ou sem sorte


Espere morrer, bajulado!
Espere para ser nada.
Com o lenço que compraste para celebrar as glórias assoarão os narizes,
Lutador do nada!
Olhe-te no espelho invertido, português ao contrário!
Porque um povo sob uma cruz foi um povo e hoje todo o mundo é brasileiro.
Queres folgar, folgado?
Folgue.
Folgue nesta vida e adivinhe o resto.
Que bruto tu  já te tornaste
E  a isso chamas arte.