18.4.05

ESGOTOS SUJAM A VIDA COM VERDADE II

Conseguiria ter para mim achado, oh humanidade precária
Um meio pelo qual poderei de ti zombar eternamente
Sem que me afeteis até o meu derradeiro suspiro?
Que força para tanto!
Mas choro, eis que teria que alcançar o sobre-humano
E teria que rir entre o horrível espetáculo de máscaras
E contar ainda com uma perfeição sobre-humana
Poderia eu aplicar às musas suficientes elogios
Para receber bençãos divinais?
Poderia eu levantar minha cabeça acima
Dos inúmeros animais rastejantes com uma sensação qualquer
De leve embriaguês Keep Cooler em várias cores
Em lojas de conveniências flutuantes nos céus sombrios
De um dos anos 80?
Oh, musas, aplico-me à verdade, e a verdade é o nada!
Que fosse sempre desejável que o nada fosse belo
Como as vossas formosuras!
Que fosse desejável que a totalidade de nossa existência
Fosse reservada para o louvor das vossas beldades
Oh, Lúcifer cruel, Deus disfarçado de mal para reinar com maior tirania!
Que nos esconde os sátiros e as musas e as delícias
Porque somos civilizados mas devemos conviver com a selvageria
E somos melhores mas não podemos sê-lo
Seremos logo escravizados pelos objetivos que não são os nossos
Por deuses que não são os nossos
Seria bonito que tivesse voz para que me levantasse e gritasse
Seria bom ouvir louvar-vos, oh musas
Por um ideal de homem que não se conhece
Que se pudesse louvar-vos sem pressa e de forma graciosa
Seria preciso ter-vos conhecido as delícias divinais
Seria preciso estar acostumado às grandes hecatombes
E à vida das arcádias
Ficamos pelo menos com as libações

Um comentário:

Anônimo disse...

Que existam musas ainda dignas de tão comoventes panegíricos.