25.2.15
RISO ABERTO
Eu falava rápido, emanando indignação.
A mulher, apenas ria, abertamente.
Seu riso me fez calar. Entendi que ela não ria das razões que eu expunha, posto que eram senso comum entre a lógica, os fatos, a intuição e todas as premissas verdadeiras. Ela me compreendia, e ainda assim, ria.
Mas seu riso era tão gostoso que logo fez desmoronar não a minha convicção, mas a própria capacidade de expressar minha convicção.
Pus-me a rir com ela. Seu riso convidou-me e deitei em seu colo.
Senti falta dos dias frios e da lareira e do aconchego calmo e macio daquele colo de mulher madura.
O vento soprou pelo vão da janela e na verdade.
A mulher se havia retirado, e eu talvez conhecesse a guerra antes de sentir seu colo perfumado.
10.2.15
MORO SOZINHO (VERSO LIVRE - POR ISSO É RUIM)
Então, moro sozinho.
Saio às ruas, perto de uns sou grande, de outros, pequenininho.
Perco-me em palestras, que não vão além de arestas, se alongam.
Cada qual, sua razão, que geralmente é emoção.
Ao final, todos alegres, ufa, não precisei falar sobre nada, descobrimos que não existe essência.
Basta defender o abstrato e ter bom trato, jamais deixará de ter amigos.
Veja bem, isto ia, mas não é poesia, ria, que te trava qualquer palavra.
João Goulart, Ferreira Gullar, e o homem de cem anos, ah! - Eugênio Gudim!
Assim sou sábio mesmo sendo idiota - lorota - você sabe muito mais do que eu (você sabe todos os pontos de vista).
Enriquecido pela beleza, me esqueço da certeza, pois esta, tu a tens.
Não convém replicar ante tamanha verdade, tacanha é a minha dúvida.
Quem matou mais, eu ou você? Não sei, ambos vivos e ainda assim a saber de bom grado adubar o xaxim.
Tomei um bom vinho, mas só porque acabou a cerveja.
Eu moro sozinho. Mas vivo na cidade. Vejo o que as pessoas fazem às palavras.
2.2.15
APENAS UM TEXTO MAU E MAL
"Perdi o texto. Onde apena há mata-borrão. Onde pode ser dita, é escrita. E nada mais se explica. / Pressiono e nada acontece. A verdade jamais aparece. A não ser entre os desvãos da cortina. / E deve-se estar atento."
Pronto. Já era um grande poeta. Um eu profundo...
Um idiota profundo, mas não profano. Teme.
Cheios de certeza estão os que nada sabem. Eles sabem nada demais.
Isto não é uma poesia. É um idiota escrevendo nada para os espertos que são vocês.
Riu-se da transcendência. Era uma crença imanente. Mas da imanência vinha a sentença.
Carrossel.
Osso duro de roer, cair antes do tiro apenas por instinto ou porque está treinando? Faz a maior diferença.
Você já esteve presente, quando não estava lá?
Ele sabe se esconder bem, por isso o irritam as multidões.
O cortador e o alicate de unhas, ele os perdeu. Desta vez, perdoou.
Amou, amou.
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