18.4.05

UMA BACTÉRIA NO RETO DA LUANA PIOVANI

Era lúgubre a noite na vila. Como tudo em Kansas, a noite é também metafísica. Os travecos agora tomam conta da cidade. Olho para o maço. Apenas mais um cigarro. Ora não tenho a torre Eiffel de fundo. Não é como a Paris de Henry Miller, onde basta esperar. Aqui, nada acontece sem esforço. Poderia ter um pouco mais de bom gosto. Vou pensar em algo. Algo como bom gosto. Vejo uma mosca, flanando histérica. Lembro-me imediatamente da mosca de Nietzsche. Olho para a mosca, e ela para mim e, repentinamente, estou voando com aquele "pathos", direto para o banheiro da Luana Piovani. Ela toma seu banho que acredito que tome todos os dias, mas como mosca ainda não posso me aproximar dela. Há algo ainda de muito importante em uma mosca, que faz com que se importem com ela. Sinto-me pequeno ali, em forma de mosca, afinal sou eu! Kansas City é um lugar onde Henry Miller não sobreviveria um dia.
Tenho que sair para comprar cigarros. Não que tenha que comprar cigarros, apenas me habituei a eles, são como uma família. Agora escrevo a lápis. Uma boca livre em um cyber onde copio para o Blog. Certamente Miller sobreviverá aos Blogs. Por isso tudo, sorrio. Não posso ser niilista. Sou grande, sou o Grande Nada. Mas, ainda assim, sou grande. Como aquela mosca. E se sou grande, ainda que em forma de mosca, posso acender mais um cigarro. Meu próximo passo será tornar-me uma bactéria...

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro poeta mosca, na certa alcançará seu desejo de se tornar uma bactéria. Desejo sorte!