Naquela semana, eu estava cansado. Tentava ser metafísico, mas não passava do Esteves.
Havia alguns dias o episódio da bomba que explodiu ao meu lado e da tentativa de assalto que sofri não passavam por minha garganta. Lembro-me de colocar a caneta no copo e tentar escrever letrinhas na sopa. Eu não estava me divertindo, eu não estava fazendo arte, eu apenas estava com raiva.
Porque o cego não ouvia, e o surdo não enxergava, e o bêbado não bebia!
E o revolucionário não tinha sede de sangue e, cúmulo do absurdo, os idiotas eram "os pensadores".
Isso era o mundo real.
Eu queria alguma ordem, mas idiota era eu.
Havia uma cuspideira que pertencera a Getulho. Um vizinho meu. Getulho com "lh".
Getulho havia morrido. Mataram ele por suicídio (já disse que o idiota era eu).
Peguei a cuspideira e escarrei nela o sangue costumeiro. Agora, eu não precisava mais cuspir no chão de terra batida.
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