Dizem
que em Cuba todos são estudiosos. Se eu fosse cubano, também
estudaria bastante para distrair a fome. Dizem que o Brazil é
o país do futuro, futuro que virou presente. Tomando pelo presente,
o futuro não parece animador. Se James Joyce vivesse no Brasil,
jamais teria escrito Ulisses. O Brasil é lindo, e é uma merda.
Dizem que o Brasil é uma merda – em muitos sentidos é verdade.
Viver no Brasil é bom porque não é tão ruim. Somos mentalmente
acomodados e preguiçosos. Posso falar mal do brasileiro pelo mesmo
motivo que posso falar mal de mim mesmo. O brasileiro gosta mesmo é
de gringo. O brasileiro é um cara carente e submisso. Adora ter
alguém para quem bater continência. Também parece que foi assim
com os poloneses e os africanos; ser índio é mais difícil, tanto é
que não existe mais nenhum de verdade. Há muitos brasileiros bons.
Mas são só alguns.
Todo
o governo tem obrigação de se deixar ser ridicularizado pelas
piores pessoas. Tudo o que ridiculariza um governo ainda é pouco.
Ridicularizar
é verbo transitivo direto e indireto. Alguém tem alguma coisa
ridicularizada por alguém, geralmente ridículo.
Ridículos
passivos e ativos em um troca-troca eterno. Os que ridicularizam os
ridículos também são ridículos, vide a imprensa. Todo esse
ridículo é o lugar comum da terra de cegos.
O
ser humano parece ser de natureza pobre; mesmo com todas as suas
pretensas riquezas, seu fim é adubar o solo e alimentar os vermes.
Por
isso tudo, eu declaro que sou ridículo. Honesto e, no momento, sadio
e pobre. E não que isso seja verdade.
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