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A
bílis lhe atingia o estômago. Sua raiva era difusa. Sem armas, sem
tiros, sem morte. Não entendia direito sobre o que falava, entre os
seus, ignorantes pretensiosos, estava confortável, era um deles,
inobstante a honestidade intelectual. Já fora um homem com uma
máquina de escrever, que diziam poder ser uma arma, agora era um
homem com um computador, muito mais poderoso.
Só tinha um
problema. Nunca escrevera nada. Procurou ser apenas obscuro e
elíptico, sem jamais revelar sequer nas entrelinhas as verdades
sobre o ser humano, sobre si mesmo.
Tinha raiva? Era
ele Sócrates, ou Cristo?
Parecia que ele
estava certo. Enquanto isso, alguém despreocupado procura pela
escova.
A essa outra
pessoa, a que procurava a escova, parecia que sua pequena alegria
impedia a alegria do outro que achava sua alegria muito mais bem
fundamentada, ainda que baseada em nada. Todos já ouviram isso
antes, e os filólogos traduziram com impertinência os textos mais
antigos acerca desse assunto, não sem temperá-los com suas próprias
idiossincrasias, trocando enganos por outros enganos.
Todos perderam
essa discussão, e morreram uns com mais, outros com menos raiva.
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